Passados centenas de séculos, ainda recebemos bonitos e
originais convites de casamento, alguns deles carregados de romantismo. Afinal,
por que continuamos a nos casar, a despeito de alguns pronunciamentos
esdrúxulos que se lê nas revistas e se ouve na televisão, aqui e acolá, tanto
de pessoas fúteis como de pessoas de formação acadêmica, ambas sem orientação
religiosa e temor do Senhor?
Amor
Ainda nos casamos por causa do amor, que é o sentimento que
predispõe duas pessoas de sexo oposto a se aproximarem e a permanecer juntas.
Segundo o Dicionário técnico de psicologia, amor é aquele sentimento “cuja
característica dominante é a afeição e cuja finalidade é a associação íntima de
outra pessoa com a pessoa amante”. Evidentemente, esse amor está ligado de
forma íntima à sexualidade humana, como ensina a psicanálise e como se
pressupõe na própria Bíblia. Um provérbio francês diz que “o amor é o como
sarampo, todos temos de passar por ele”. O amor é mais do que a mera amizade.
Daí a frase de La Bruyère: “Quando o amor nos visita, a amizade se despede”.
Embora fosse um casamento arranjado, a Bíblia diz que Isaque amou a Rebeca (Gn
24.67). É conhecidíssima a história de que Jacó amou a Raquel com tal
intensidade que trabalhou 14 anos para o sogro a fim de tê-la como esposa
(Gênesis 29:18 e 30). As Escrituras ainda registram o amor de Mical, filha de
Saul, por Davi (1º Samuel 18:20) e o de Elcana por Ana (1º Samujel 1:5).
A paixão é o amor elevado ao seu mais alto grau de
intensidade, podendo sobrepor-se à lucidez e à razão. Não é o caminho mais
indicado para o casamento, porque é imediatista e simplifica tudo. Na paixão, o
sexo fica sozinho e impera à sua maneira, sem outras evidências de amor, como
aconteceu com Amnom, que violentou a mulher pela qual se dizia enamorado e,
depois, mandou-a embora.
Parceria
Ainda nos casamos por causa da parceria. Não fomos criados
para permanecer sozinhos. São clássicas e reveladoras as conhecidas palavras de
Deus a respeito da criação da mulher: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou
fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gênesis
2:18). O amor, e a sexualidade em seu bojo, não é a única razão do casamento,
ainda que muito forte. A união das duas metades para formar uma só carne não se
faz apenas por meio do sexo. Isso enfraqueceria o casamento e o tornaria
vulnerável. O matrimônio é uma associação de idéias, de vontade, de propósitos,
de alvos, de religião, de sacrifícios, de derrotas, de vitórias, de sangue e
suor. Em torno por que nos casamos? Em torno da fé. Em torno da economia do
lar. Em torno da saúde da família. Em torno do trabalho. Em torno do lazer. Em
torno da felicidade coletiva. A associação é pequena a princípio, mas pode
aumentar para três, para quatro, para cinco ou para mais pessoas (os pais e os
filhos). A associação não significa igualdade de temperamentos, de aptidões, de
energia e de gostos. Mas significa obrigatoriamente ideais comuns, buscados a
dois. Essa parceria, preparada desde a eclosão do amor antes do casamento
(namoro e noivado), uma vez preservada e abastecida, talvez dê mais força ao
casamento do que o amor em si.
Santidade
Ainda nos casamos por causa da santidade pessoal. Tanto a
sexualidade como a sede interior de Deus são características de nascença. Uma
não precisa machucar a outra. Zacarias e Isabel “eram justos diante de Deus e
irrepreensíveis em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (Lucas 1:6). Mas
isso nunca os impediu de ter relações sexuais, mesmo depois da velhice, quando
Deus curou a esterilidade de Isabel para ela dar à luz a João Batista, o maior
“entre os nascidos de mulher” (Lucas 7:28). Além da razão dada pelos cientistas
a favor de uma união monogâmica, heterossexual e estável — evitar as doenças
sexualmente transmissíveis e o temível HIV —, os cristãos têm o compromisso de
não prejudicar o seu relacionamento com Deus por meio de uma relação sexual
promíscua. “Por causa da impureza”, ensina o apóstolo Paulo, “cada um tenha a
sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1º Coríntios 7:2).
Talvez Paulo tenha se inspirado naquele provérbio de Salomão: “Beba a água da
tua própria cisterna e das correntes de teu poço” (Provérbios 5:15). Para ficarmos
sob a proteção das normas e não sob o bombardeio dos ímpetos, nós nos obrigamos
a homologar a lei de Deus, juntando-nos dentro de um acordo de exclusividade e
fidelidade mútuas. Santidade é aquele estilo de vida que não fere os
mandamentos e imita o Senhor: “Sede santos, porque Eu sou santo” (1º Pedro
1:16).
Em todas as áreas. Inclusive na área da sexualidade. É por
isso que Paulo diz que os solteiros e os viúvos, tanto do sexo masculino como
do sexo feminino, “caso não se dominem, que se casem, porque é melhor casar do
que viver abrasado” (1º Coríntios 7:8-9).
Fonte: Livro
- Casamento e Família: Encantamento e Obrigações.
Autor: Elben César
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