segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

A celebração da ceia do Senhor

 


Paulo havia elogiado os crentes de Corinto em 11:2, mas não encontra nada elogiável no modo pelo qual eles estavam celebrando a ceia do Senhor. Falando claramente, as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem (11:17, NVI). A primeira razão para isso eram as divisões entre eles (11:18). Essas divisões, das quais Paulo já se havia ocupado nos capítulos iniciais dessa carta como centradas em diferentes personalidades, também podem ter-se baseado em quem era rico e quem era pobre. Paulo condena todas essas divisões. Assim como partidos políticos em conflito destroem uma nação, tais divisões destroem a igreja. A imaturidade política nos torna incapazes de lidar construtivamente com diferenças de opinião, e a imaturidade dentro da igreja causa muitas feridas. Devemos vigiar para manter a unidade em Cristo, que não coloca barreiras entre os crentes, qualquer que seja seu status ou suas opiniões sobre a igreja ou outros temas.

    As únicas divergências (11:19, NVI) na igreja que Paulo aprovava com relutância eram aquelas que revelavam quais crentes haviam compreendido e quais não haviam compreendido as palavras de Cristo sobre unidade e amor. Poderíamos nos também concordar em discordar e assim manter a unidade do corpo? O modo pelo qual a ceia do Senhor estava sendo celebrada em Corinto transformava tudo em zombaria, de tal forma que Paulo pode dizer: Não é a ceia do Senhor que comeis (11:20). Precisamos entender qual era a forma de celebração da ceia do Senhor naquele tempo. Parece que os crentes se reuniam regularmente para uma festa comunitária, uma refeição de agape, a qual se parecia com um jantar caseiro. Todos os crentes levavam comida, que era, então, reunida e compartilhada por todos. Essa prática agradável significava também que os crentes pobres tinham pelo menos uma refeição decente por semana. Em Corinto, entretanto, o alimento não estava sendo repartido, e o resultado era que, enquanto um fica com fome, outro se embriaga (11:21, NVI). Paulo insiste em que, se a ceia do Senhor não pode ser celebrada em mutuo amor e compartilhamento, seria melhor que cada um comesse em sua casa. Deixa claro que esse comportamento sugeria que eles menosprezavam a igreja de Deus (i. e., o povo de Deus) e se alegravam em humilhar os que nada tem (11:22). O contraste com o comportamento de Cristo é tremendo. Paulo relembra a eles o que a ceia do Senhor deveria significar, descrevendo como ela se iniciou e enfatizando uma tradição que foi cuidadosamente passada de uma pessoa a outra. Ele próprio a havia recebido e passado para os coríntios (11:23a). Portanto, não havia desculpa para seu comportamento.

    A ceia do Senhor se iniciara com o ato de Jesus tomar o pão e fazer uma oração de ação de graças, seguida por uma declaração: Isto e o meu corpo, que e dado por vos, e uma ordem: Fazei isto em memória de mim, o que implica que a pratica deveria continuar (11:23-24). Jesus, então, tomou o vinho e fez a extraordinária declaração de que este cálice é a nova aliança no meu sangue (11:25). O pão e o vinho simbolizam o inicio de uma aliança que Deus está fazendo com os seres humanos e que é muito diferente da antiga. Ela é selada com o próprio sangue de Jesus. Jesus deixa claro que o partilhar do cálice também deveria ser uma pratica regular, embora não tenha especificado com que frequência deveria ser celebrada. Paulo acrescenta que a celebração dessa refeição continuara até que Jesus volte e, então, nao haverá mais necessidade de proclamar a morte do Senhor (11:26).

Paulo prossegue dando algumas advertências e emitindo algumas instruções. Os coríntios devem tomar cuidado para não comer a ceia do Senhor indignamente (11:27), o que foi evidenciado por sua falta de amor, espírito faccioso, ganância e desprezo uns pelos outros. Proceder assim seria pecar contra o próprio Cristo e contra sua igreja. Assim, é importante que, antes de participar da ceia, cada um examine seus motivos e sua condição moral e espiritual (11:28). Tratar a ceia do Senhor com um desrespeito negligente significa deixar de reconhecer o corpo do Senhor (significando tanto o sacrifício literal de si mesmo, feito pelo Senhor e que e celebrado na ceia, quanto a igreja, que e o corpo de Cristo). Paulo afirma que não reconhecer isso traz julgamento. Esse julgamento e evidente pelo fato de que já havia na igreja muitos fracos e doentes e não poucos que dormem (11:30). O julgamento de Deus sobre a igreja visa curar esse mal e prevenir a má reputação (11:31-32). As palavras finais de Paulo sobre esse tópico tem a intenção de dizer aos coríntios que, se alguns deles estão tão famintos que não podem esperar pelos outros, esses deveriam comer em casa. Quando se encontram na igreja para celebrar a ceia do Senhor, todos devem cear juntos (11:33-34).

 

Teólogo africano: Dachollom Datiri (pág. 1.427 – Comentário Bíblico Africano).


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