terça-feira, 19 de julho de 2022

As crises no aconselhamento

 


À medida que avançamos na vida, a maioria de nós tem um comportamento bastante consistente. Como é natural, todos experimentamos altos e baixos espirituais e temos às vezes de aplicar um esforço extra para tratar de emergências ou problemas inesperados, mas ao nos aproximarmos da idade adulta, cada um de nós desenvolve um repertório de soluções de problemas baseado em sua personalidade, treinamento e experiências passadas. Usamos repetidamente essas técnicas e conseguimos assim enfrentar com sucesso os desafios da vida.

Surgem, porém, às vezes, situações mais graves que ameaçam nosso equilíbrio psicológico. Essas situações, ou acontecimentos da nossa existência, são também chamados de crises. Elas podem ser esperadas ou inesperadas, reais ou imaginárias, factuais (como quando um ente querido morre) ou potenciais (como quando parece que um ente querido possa vir a morrer logo). Vários escritores comentaram que a palavra chinesa para "crise" inclui dois símbolos. Um significa perigo e o outro oportunidade.

• Uma crise é um perigo porque ameaça vencer a pessoa ou pessoas envolvidas. As crises envolvem a perda de alguém ou de algo importante, a mudança brusca de nosso papel ou posição, ou o aparecimento de pessoas ou acontecimentos novos ou ameaçadores. Em vista de esta situação crítica ser tão intensa e única, descobrimos que nossos hábitos costumeiros de tratar da tensão e de resolver problemas não funcionam mais. Isto leva a um período de confusão e espanto, geralmente acompanhado de comportamento negativo e distúrbios emocionais inclusive ansiedade, ira, desanimo, tristeza ou culpa. Embora este tumulto intelectual, comportamental e emocional geralmente seja de curta duração, ele pode persistir por várias semanas ou até mais.

• As crises, porém, dão às pessoas a oportunidade de mudar, crescer e desenvolver meios melhores de superá-las. Desde que as pessoas em crise quase sempre se sentem confusas, elas ficam mais abertas à ajuda externa, inclusive o socorro de Deus e aquele proporcionado pelo conselheiro.

O que o indivíduo faz com essa ajuda e como resolve a crise tem:

• ...considerável importância para a saúde mental futura do mesmo. Seu novo equilíbrio pode ser melhor ou pior do que no passado...

• Ele poderá vir a tratar dos problemas críticos desenvolvendo novas técnicas para a solução de problemas, socialmente aceitáveis baseadas na realidade, o que irá aumentar sua capacidade de tratar da maneira sadia com futuras dificuldades.

• Por outro lado, durante a crise, ele talvez desenvolva novas respostas socialmente inaceitáveis e que tratem das dificuldades através da evasão, fantasia irracional, manipulações ou regressão e alienação - sendo que tudo isso aumenta a probabilidade dele vir a tratar também desajustadamente as futuras dificuldades. Em outras palavras, o novo padrão por ele desenvolvido para enfrentar as crises torna-se daí por diante uma parte integral de seu repertório de respostas à solução de problemas e aumenta a possibilidade de vir a tratar dos riscos futuros com maior ou menor objetividade.

Quando os médicos falam de uma crise clínica, com frequência referem-se a esse momento crucial no tempo em que ocorre uma mudança, seja em direção à recuperação ou ao declínio e morte. As crises emocionais e espirituais, da mesma forma, são pontos críticos inevitáveis na vida. Viver é passar por crises. Experimentar crises é enfrentar pontos críticos que trarão seja crescimento e maturação, ou declínio e imaturidade contínua. O conselheiro cristão está numa posição vital para influenciar a direção que as soluções para a crise vão tomar.

 

(Romanos 5:1-5)


1 - Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;

2 - Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.

3 - E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,

4 - E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.

5 - E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

 

 

Fonte: Clínica Pastoral – IBADERJ (Curso realizado em 2015).


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