terça-feira, 28 de maio de 2024

Como o autismo afeta a aprendizagem na escola?

 

Boa parte das crianças que fazem parte do espectro do autismo frequentam escolas regulares. O problema é que muitas dessas escolas não estão equipadas para fornecer o apoio que as crianças autistas precisam. E não falamos só sobre infraestrutura: os próprios educadores nem sempre recebem o treinamento e o suporte necessário para lidar com os alunos autistas.

Um ambiente escolar inadequado para o autismo pode prejudicar muito as crianças do espectro. A dificuldade vai desde fazer com que eles se envolvam nas atividades de aprendizagem à lidar com a vida escolar diária em geral. Vale citar que essas questões podem ter um impacto duradouro sobre eles, ou seja, se estender aos próximos anos escolares e até mesmo acadêmicos.

É por isso que é crucial que os educadores estejam cientes das implicações educacionais do autismo e como adotar métodos eficazes de ensino para essas crianças. Ao integrar estilos de aprendizagem adequados para o autismo e aliviar qualquer desconforto na sala de aula, é possível fazer com que as crianças autistas participem do aprendizado com mais conforto e envolvimento, além de se prepararem melhor para o futuro.

Autistas na escola: dicas e estratégias

Trabalhar com autistas na sala de aula pode ser um desafio, mas também incrivelmente gratificante se você souber como fornecer o apoio necessário. Seja ajudando-os a manter sua rotina, lidar com a sobrecarga sensorial ou se engajar no aprendizado de uma maneira que faça sentido para eles, saiba que as intervenções corretas os beneficiarão significativamente.

Confira então 7 dicas valiosas para apoiar crianças autistas na escola:

1. Estabeleça uma rotina com eles

O mundo é muitas vezes um lugar confuso e que causa ansiedade nas crianças, e essa ansiedade pode ser especialmente intensa para os autistas. É por isso que eles encontram grande conforto em uma rotina previsível e estável. Felizmente, a natureza estruturada da escola é perfeita para isso. Mas você precisa encontrar uma maneira de deixar sua rotina diária clara para eles.

Criar um cronograma visual é um método eficaz e muito utilizado para fazer isso. Você pode colocar imagens e palavras simples em um cronograma, em ordem cronológica, para descrever as atividades e transições do dia do aluno. Ter esse auxílio visual dá à criança uma sensação de segurança, ao mesmo tempo em que atua como um lembrete para aqueles que a apoiam.

2. Leve a sensibilidade sensorial em consideração

Muitas crianças com autismo experimentam o que é conhecido como sensibilidade sensorial. Isso pode fazer com que eles tenham intensas reações positivas ou negativas à estimulação sensorial. Portanto, um passo útil e simples que você pode dar é tornar o ambiente da sala de aula menos sobrecarregado para eles.

Como cada criança autista é diferente, você terá que aprender quais são suas sensibilidades individuais. Observe como eles reagem ao ouvir certos sons ou tocar certos tecidos e veja se seus pais ou cuidadores podem oferecer informações. Em seguida, faça o que puder para remover ou reduzir quaisquer estímulos no ambiente que lhes causem ansiedade, ou ainda reforçar os estímulos positivos.

Por exemplo, se eles ficarem muito angustiados com o som do sino da escola, você pode permitir que eles coloquem fones de ouvido com cancelamento de ruído cinco minutos antes de tocar. Certifique-se de incluir essa transição na rotina.

3. Comunique com antecedência as mudanças e transições

Como a rotina das crianças autistas é algo crucial para seu conforto, mudanças e transições na escola podem ser muito incômodas para elas. Tais mudanças são muitas vezes inevitáveis ​​e até necessárias na escola, mas a boa notícia é que você pode aliviar a ansiedade que elas causam preparando a criança autista com antecedência.

Por exemplo, se você planeja mudar de sala em determinada semana, além de comunicar essa mudança verbalmente, leve a criança para conhecer o ambiente com alguns dias de antecedência. Adicione essa mudança ao quadro de rotina para que visualizem até o dia da mudança. Adicionar alguma previsibilidade a uma tarefa inesperada pode torná-la menos assustadora para a criança, além de proporcionar tempo para que ela se ajuste mentalmente.

4. Comunique-se claramente

Embora varie de pessoa para pessoa, o autismo pode afetar a capacidade da criança de se comunicar e interpretar os significados. É por isso que você precisa considerar cuidadosamente todas as palavras que usa e como estrutura suas frases. Evite complicar a comunicação com metáforas e perguntas retóricas. Mantenha as conversas simples e diretas.

Por exemplo, se você precisar pedir a uma criança autista para arrumar os materiais, você pode ficar tentado dizer: “Você pode começar a arrumar seus lápis e colocá-los nas gavetas, por favor?” Uma instrução muito mais clara para eles é: “Guarde os lápis, por favor.”. Você também pode apontar para o local onde eles precisam guardar os lápis se responderem a gestos simples.

5. Integre os interesses das crianças autistas na escola

Uma das muitas coisas que tornam as crianças autistas únicas é como elas podem ter interesses altamente focados. Sejam montanhas-russas, eletrônicos, unicórnios ou um certo período da história, esses interesses podem ser usados ​​como portas de entrada para o aprendizado. Tudo o que é preciso é alguma criatividade e comprometimento em sua lição e planejamento de lição de casa.

Por exemplo, se você sabe que o interesse deles são unicórnios, integre palavras e imagens relacionadas a eles em problemas de matemática e exercícios de ortografia. Algo simples como isso pode fazer uma enorme diferença no envolvimento das crianças autistas nessas atividades da escola.

6. Trabalhe em conjuntos com os pais/cuidadores

Pais e cuidadores são os verdadeiros especialistas em seus filhos autistas. Para apoiar plenamente a criança dentro e fora da escola, você deve, portanto, coordenar e compartilhar conhecimento com eles. Ambos podem sugerir intervenções que funcionaram em casa ou na escola para a criança e podem integrá-las à sua rotina.

A construção de um relacionamento mais próximo não beneficiará apenas a criança autista, mas também ajudará os pais e cuidadores a se sentirem à vontade com a educação de seus filhos. Seu compromisso de trabalhar com eles aumentará sua confiança na capacidade da escola de apoiar seus filhos.

7. Trabalhe sua própria resiliência

Mesmo quando você acredita que está fazendo tudo ao seu alcance, ensinar uma criança autista ainda pode ser um desafio. A criança e seus pais estão contando com você para fazer o seu melhor, por isso é importante aprender a se recuperar dos dias difíceis. Muitas vezes isso vem com o tempo, e é importante tentar manter-se confiante e determinado, então cabe a você investir tempo para fortalecer sua mente. 

Construir um relacionamento com crianças autistas, seja na escola ou não, não é algo que não acontece da noite para o dia. É preciso tempo, dedicação e paciência. Cada erro que você comete é um feedback valioso para descobrir o que funciona. Você nem sempre vai acertar as coisas logo de cara e, de qualquer forma, as crianças autistas ainda são crianças, e podem trazer algum desafio mesmo nos melhores momentos. Eles estão fazendo o melhor que podem com sua visão de mundo e com o apoio que têm disponível.

Então, naqueles dias em que a criança autista está tornando a aula desafiadora e você não sabe como lidar, lembre-se de que ela provavelmente está agindo dessa forma por algum motivo. Geralmente é por causa de uma necessidade que não está sendo atendida. Depois de aprender quais são suas necessidades e se conectar com a criança, você descobrirá que as coisas podem se tornar muito mais fáceis. A sensação de realização que você ganhará ao apoiá-los um dia superará qualquer dificuldade que você sentiu no passado.

Apoiar crianças autistas na escola pode não ser fácil, mas é uma tarefa valiosa e muito gratificante. Ajudar essas crianças a se engajarem totalmente em seu aprendizado não apenas torna a experiência educacional mais positiva, eficiente e benéfica, mas também abre caminho para um futuro em que elas possam atingir seu pleno potencial.

Esse foi o artigo sobre como melhorar o aprendizado dos autistas na escola. Você gostou das informações que trouxemos aqui? Então nos siga nas redes sociais Instagram e Facebook e fique por dentro de muitos outros conteúdos elaborados com o objetivo de prestar apoio aos autistas, pais e profissionais envolvidos no desenvolvimento das pessoas que fazem parte do espectro.

 

Fonte: https://www.autismoemdia.com.br/blog/autistas-na-escola-como-melhorar-o-aprendizado/

 

 

 

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