As pessoas só ficavam protegidas nas cidades de refúgio enquanto permaneciam dentro delas, enquanto se submetessem a essa regra. Traçando um paralelo, vemos que na vida emocional também é assim: submeter-se a uma disciplina em si não nos cura, mas nos coloca num lugar onde a cura pode acontecer. Se estivermos sempre correndo, “fugindo do vingador”, não poderemos sarar. Mas, se buscarmos ajuda de forma organizada – como num tratamento de psicoterapia, por exemplo -, se nos submetermos e persistirmos nesse processo, teremos um lugar seguro, tal como a cidade de refúgio, e assim teremos tempo, ajuda e oportunidade para sarar.
Não por acaso, todas as cidades de refúgio eram também cidades que foram dadas aos levitas para morarem no meio do território das outras tribos. O refugiado, então, seria avaliado e acolhido por pessoas isentas, não aparentadas nem com ele nem com a vítima, e que de certa forma lhe serviriam de “ministros da presença acolhedora de Deus”, que também é uma bela figura para o processo terapêutico.
Jó, Paulo e Tiago
Somente pela revelação do início do livro de Jó é que ficamos sabendo um pouco das conexões espirituais implicadas, inclusive com a participação de Satanás na história (1.6 a 2.7). Dificuldades semelhantes são tratadas pelo Novo Testamento como “provações”, onde também a tentação satânica se faz presente. Paulo em sua experiência do “espinho da carne” relata também como Deus concedeu que um mensageiro de Satanás o ferisse, e somente após insistir em oração e receber a resposta de Deus, entendeu naquela situação um bom propósito para ele (veja 2Co 12.1-10, notas). A única citação sobre Jó no Novo Testamento foi feita por Tiago, num contexto de encorajamento à paciente resistência ao sofrimento (Tg 5.11).
Tiago escreve para irmãos que passam por sofrimentos ligados à fé, e revela ter entendimento do que aconteceu com Jó (veja especialmente Tg 5.7-20). Ele quer encorajar seus leitores a considerarem motivo de alegria quando essas situações acontecem, o mesmo conselho que Paulo deu aos Romanos (Rm 5,3). Veja também Tg 1, notas; e os quadros “Nossas provações e tentações” (Tg 1), p. 1967; “O sofrimento na vida de fé” (Rm 5), p. 1787.
Fonte: https://cppc.org.br/biblia-conselheira/3395.html
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