domingo, 24 de novembro de 2024

O ACONSELHAMENTO É GRATIFICANTE, PORÉM ARRISCADO.

 



Há muitas pessoas que gostariam de desempenhar o papel de conselheiros, muitas vezes por se tratar de uma atividade considerada fascinante — dar conselhos e ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas.

O aconselhamento, como é natural, pode ser um trabalho muito gratificante, mas não leva tempo para descobrirmos que se trata de uma tarefa árdua, emocionalmente exaustiva. Ele envolve concentração intensa e algumas vezes nos faz sofrer, ao vermos tantas pessoas infelizes. Quando esses indivíduos não conseguem melhoras, como acontece com frequência, é fácil culpar-nos, tentar dar mais ainda de nós mesmos e ficar imaginando o que aconteceu de errado.

Enquanto mais e mais pessoas procuram aconselhamento, surge a tendência de aumentar nosso período de trabalho, esforçando-nos até o limite máximo de nossas forças. Alguns dos problemas dos aconselhados nos fazem lembrar-se de nossas próprias inseguranças e conflitos e isto pode ameaçar nossa estabilidade ou sentimentos de auto-estima.

Não é de admirar que o aconselhamento tenha sido considerado uma ocupação tanto gratificante como arriscada. Discutiremos neste capítulo alguns dos riscos, e consideraremos alguns dos meios que podem tomar a tarefa do conselheiro mais satisfatória e bem sucedida.

A MOTIVAÇÃO E O CONSELHEIRO

Por que você quer aconselhar? Alguns conselheiros cristãos, especialmente pastores, foram praticamente obrigados a exercer essa ocupação devido às pessoas que os procuraram espontaneamente para pedir ajuda com seus problemas. Outros conselheiros encorajaram as pessoas a procurá-los e talvez tenham feito um treinamento especial, baseados na suposição válida de que o aconselhamento é uma das maneiras mais eficazes de servir aos outros. Como vimos, a Bíblia ordena o cuidado mútuo e isto com certeza envolvem o aconselhamento.

Quase nunca é fácil analisar e avaliar nossos motivos. Isto talvez se aplique especialmente quando examinamos nossas razões para praticar o aconselhamento. Um desejo sincero de auxiliar as pessoas a se desenvolverem é uma razão válida para tomar-se um conselhei-ro, mas existem outras que motivam os conselheiros e que interferem com a eficácia de seu aconselhamento.

CURIOSIDADE – NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO

Ao descrever seus problemas, os aconselhados, no geral, oferecem certas informações que não contariam a mais ninguém de outra forma. Quando o conselheiro é curioso, ele ou ela algumas vezes esquece o aconselhado, pressiona para obter mais detalhes e com frequência não consegue manter segredo. Por essa razão, as pessoas preferem evitar os ajudadores curiosos.

A NECESSIDADE DE MANTER RELAÇÕES

Todos precisam de aproximação e contatos íntimos com pelo menos duas ou três pessoas. Para alguns aconselhados, o conselheiro será seu melhor amigo, pelo menos temporariamente. Mas, e se os conselheiros não tiverem outros amigos além dos aconselhados? Em tais casos a necessidade que o conselheiro tem de um relacionamento pode prejudicar sua ajuda. Ele na verdade não quer que os aconselhados melhorem e terminem o aconselhamento, visto que isto interromperia a relação. Se você procura oportunidades para prolongar o período de aconselhamento, para chamar o aconselhado, ou reunir-se com ele socialmente, a relação pode estar satisfazendo suas necessidades de companhia tanto quanto (ou mais do que) proporciona ajuda ao aconselhado. Neste ponto o envolvimento conselheiro-aconselhado deixa de ser uma relação de ajuda profissional. Isto nem sempre é negativo, mas os amigos também nem sempre são os melhores conselheiros.

A NECESSIDADE DE PODER

O conselheiro autoritário gosta de "endireitar" os outros, dar conselhos (mesmo quando não solicitado), e desempenhar o papel de "solucionador de problemas". Alguns aconselhados do tipo dependente podem desejar isto, mas não serão ajudados se suas vidas forem controladas por outra pessoa. A maioria das pessoas, no entanto, irá eventualmente opor resistência a um conselheiro autoritário. Ele ou ela não será verdadeiro ajudador.

A NECESSIDADE DE SOCORRER

O conselheiro deste tipo tira a responsabilidade do aconselhado ao demonstrar uma atitude que diz claramente: "você não é capaz de resolver isso, deixe tudo comigo". Esta foi chamada de abordagem do messias benfeitor. Ela pode satisfazer o aconselhado por algum tempo, mas raramente fornece ajuda duradoura. Quando a técnica de socorro falha (como acontece muitas vezes), o conselheiro sente-se culpado e inadequado — como um messias incapaz de salvar os perdidos.

É provável que todo conselheiro perspicaz experimente por vezes tais tendências, mas não deve ceder às mesmas. Quando a pessoa procura aconselhamento, está aceitando o risco de compartilhar informação pessoal e entregar-se aos cuidados do conselheiro. Este irá violar esta confiança e portanto diminuir a eficácia do aconselhamento se a relação de ajuda for usada primariamente para satisfazer as necessidades do próprio ajudador.

 

Fonte: Curso de Clínica Pastoral (IBADERJ)

 (Parte 5) Acompanhe as demais postagens.


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