(Hebreus
11:7) “Pela fé Noé, divinamente avisado a respeito das coisas”.
que
ainda não se viam, sendo temente a Deus, construiu
uma
arca para o salvamento da sua casa.”.
Certa vez irrompeu pavoroso
incêndio numa escola, deixando cerca de setenta crianças presas pelas chamas. A
multidão, que se ajuntara no lugar do sinistro, corria angustiada e confusa;
uns para cá, outros para lá. Não podendo alcançar seus filhos, por causa do
intenso calor, as mães clamavam por eles como loucas. Homens fortes, diante
daquele quadro, só podiam lamentar: "O, que posso fazer par salvar meu
filhinho?”.
Ouviram-se, então, apesar do
alvoroço, os gritos de um menino que, vendo o pai, perguntou: "Papai, não
pode salvar-me?! Não vens acudir-me?!" Mais alto que o alarido agonizante
das outras crianças, persistiam os gritos: "Papa não podes salvar-me? Não
vens acudir-me?!" Apesar de esforços sobre-humanos, o pai nada pôde fazer
pelo filho. Poucos dias depois, aquele pobre homem também morreria, com os
rogos do menino a ecoar-lhe nos ouvidos: "Papai, não podes salvar-me?! Não
vens acudir-me?!" Por acaso, não ouvimos também os gritos de nossos filhos
que se veem ameaçados neste mundo de horror? E o pior é que, não somente os
seus corpos, mas principalmente as suas almas, acham-se na iminência de se
perderem ... por toda a eternidade!
Quantos pais e mães já persistiram
em oração até ver todos os seus filhos salvos, baseando suas súplicas nesta promessa
infalível: "Se dois de vós sobre a terra concordarem em pedir alguma
coisa, ser-lhes-á feita por meu Pai que está nos céus"? Se formos
verdadeiramente crentes, podemos orar com confiança inabalável, firmando-nos
nas muitas promessas que encontramos através de toda a Bíblia.
A primeira promessa a considerar
foi feita a Noé. Deus não chamou somente ao patriarca, mas também a toda a sua
casa a entrar na arca; e, assim, foi salva toda a sua família. A arca serve-nos
como tipo de Cristo, o único que nos salva do dilúvio de pecado que nos quer
destruir. Foi pela fé conforme Hebreus 11:7 que Noé cooperou com Deus, e
conseguiu o indizível gozo de ver todos os seus entes queridos seguros consigo
na arca, enquanto lá fora desciam as torrentes de água, provocando a maior
destruição jamais vista pelos homens. Se tivermos a mesma fé, haveremos de ver
cada um dos membros de nossas famílias refugiarem-se em Jesus e, assim,
salvar-se do horrendo dilúvio de incredulidade, pecado, vício e crime que
destrói o mundo atual.
Na vida de Abraão, Deus cumpre mais
uma vez a sua vontade acerca da família. Disse o Senhor ao patriarca:
"Porque o tenho escolhido, a fim de que ordene a seus filhos e a sua casa
depois dele, que guardem o caminho de Jeová" (Gênesis 18:19). Aqui, o Senhor
enfatiza por que chamou a Abraão; chamou-o para que ele conhecesse sua
responsabilidade para com seus filhos e sua casa. E o número daqueles que
estavam a serviço do patriarca elevou-se até trezentas e dezoito almas (Gênesis
14:14). Quantos de nós poderiam ser escolhidos por haverem ordenado a sua casa
conforme recomenda-nos o Senhor?
Por não seguirem o exemplo de
Abraão, alguns dominam seus filhos com tanta dureza e tirania, que jamais
conseguirão levá-los ao Deus de amor. Outros, como Eli (1º Samuel 3:13), são
indiferentes à obrigação de governar sua casa, por isto estão na iminência de
perderem os filhos. Vejamos como agia o neto de Abraão: "Então disse Jacó
à sua família... purificai-vos e mudai os vossos vestidos, levantemo-nos e
subamos a Betel (casa de Deus). Ali faremos um altar ao Deus..." (Gênesis
35:2-3). Temos nisto um bom exemplo de culto doméstico e consagração de toda a
família a Deus. Ao instituir a páscoa, o Senhor ordenou aos filhos de Israel:
"Tomarão... um cordeiro para cada família" (Êxodo 12:3). A páscoa é
um dos tipos mais claros da salvação mediante o sangue de Cristo. E, cada
família deveria imolar anualmente um cordeiro que já prefigurava o Cordeiro de
Deus que haveria de tirar o pecado do mundo. Isto não quer dizer que todos os membros
de nossa família serão salvos sem arrependimento e sem fé em Deus, mas que Ele
se interessa em salvar toda a nossa casa. Faraó não consentia que os
"pequeninos" de Israel saíssem do Egito com os pais (Êxodo 10:9-11).
A escravatura e a amarga opressão do Egito são tipos da escravidão do pecado;
Faraó tipifica Satanás, o qual não deseja que nossos filhos saiam do mundo
conosco, pois sabe que voltaremos para ele se os nossos "pequeninos"
ficarem em seu território. O Senhor Deus, todavia, exigiu que as famílias
hebreias inteiras deixassem os domínios de Faraó. Nisto, há outra prova
evidente de que Deus quer salvar toda a nossa casa.
A história de Raabe, a meretriz,
prova que um pecador verdadeiramente arrependido pode levar toda a família a
receber a Jesus. No capítulo dois de Josué, vê-se como ela tinha uma fé viva em
Deus (Hebreus 11:31), não só para alcançar sua salvação, mas também para rogar
pelo pai, mãe e irmãos (Josué 2:13). Quando os muros de Jerico caíram por
terra, permaneceu em pé o trecho onde se encontrava a casa de Raabe. Apesar de
"tudo quanto havia na cidade, homens e mulheres, moços e velhos, bois,
ovelhas e jumentos", ser totalmente destruído (Josué 6:21), ela com seu
pai, mãe e irmãos e todos os seus parentes foram salvos (Josué 6:23). Se Deus
ouviu a oração daquela meretriz, certamente agirá do mesmo modo em relação a
nós, resgatando nossas famílias desta Jericó que, em breve, há de ser
destruída.
Josué é outro dos muitos exemplos
de homens dedicados a Deus, que souberam ordenar toda a sua casa. Perante as
tribos de Israel, reunidas em Siquém, conclamou o povo a seguir seu exemplo:
"Eu e a minha casa, porém, serviremos ao Senhor". Seus filhos sabiam
que sua religião era verdadeira, e que, enquanto Josué vivesse, teriam de servir
fielmente a Deus.
Trabalhando na lavoura, certo
homem, crente e fervoroso no espírito, lutava com dificuldades para conseguir
levar o pão à sua família. No entanto, o Senhor começou a abençoá-lo com grande
prosperidade material. Foi então que a esposa e os filhos insistiram com ele
para que se mudasse para a cidade. Para agradá-los, resolveu deixar o campo. Já
agora desfrutando de uma vida cômoda e sem preocupações, a mulher e os filhos
buscaram desfrutar das vaidades mundanas. O pai, sozinho e triste, era obrigado
agora a assistir aos cultos sem a família. Mas, percebendo que esta situação
não poderia persistir, convocou a esposa e os filhos para lembrar-lhes de como
serviam fielmente a Deus quando se encontravam na pobreza; e, de quando
precisavam lutar com dificuldades para ganharem o pão de cada dia. Em seguida,
advertiu-os solenemente: "Se vocês não abandonarem esta vida mundana e a
companhia dos inimigos de Deus, devolverei todas as riquezas que Ele nos
confiou, e voltaremos a lavrar o solo. E, viveremos no temor do Senhor."
Ele ordenou a sua casa e foi bem sucedido. Todos obedeceram imediatamente. Como
seria bom se todos os pais experimentassem fazer o mesmo, isto é, se ordenassem
a sua casa a caminhar nos retos caminhos do Senhor.
Não é só no Antigo Testamento que
encontramos exemplos de pais que souberam ordenar as suas casas. Jesus chamou o
lar eterno de a casa de meu Pai (João 14). Desta casa, o Pai dispensa-nos o seu
amor, supre todas as nossas necessidades e ordena a sua Igreja. Por isto, Ele
quer que o lar do crente, na terra, seja em tudo parecido com o lar eterno.
Cornélio, depois de mandar chamar a
Pedro, foi aos amigos e convidou-os para ouvir o conselho de Deus, mas não se
esqueceu dos da sua casa. Estes, como andavam ordenadamente, assistiram à
exposição do Evangelho, foram salvos e, em seguida, cheios do Espírito Santo.
Se há regozijo nos céus por um pecador que se arrepende, quanto mais por uma
casa inteira que se salva?!
Lídia, a rica vendedora de púrpura,
é outro exemplo de crente que não se dá por satisfeito enquanto não vê toda a
família aos pés de Cristo. A história do carcereiro de Filipos é um dos relatos
que mais evidenciam o interesse de Deus em salvar toda a família. Depois
daquele terremoto que abalou os alicerces da prisão, e já antevendo a sua
desgraça, perguntou o carcereiro: "Que me é necessário fazer para me
salvar?" Sabemos que a resposta que lhe deu Paulo é uma promessa tanto a
ele, quanto a nós: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua
casa". Quando o pecador crê na primeira
parte da promessa, é salvo; e
quando crê na segunda, pode levar toda a família a receber a mesma salvação. Os
pais, hoje, querem lançar esta obrigação sobre o professor da Escola Dominical,
ou sobre o pastor. "Naquele dia", porém, saberão enfaticamente que esta
obrigação era sua. Deus nos revela a sua vontade nestas palavras: "Que
saiba governar bem a sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o
respeito" (1ª Timóteo 3:4).
Todos ficam comovidos com a
história do amor de Jesus Cristo e a fé no Todo-poderoso que operavam com tanto
resultado em Hudson Taylor, durante os longos anos de seu serviço como
missionário na China. São poucos, porém, os que sabem do segredo desta sua
dedicação a Deus. Diz-se de Tiago Taylor, bisavô de Hudson, que na manhã do dia
de seu casamento, enquanto sua noiva o esperava, ficou de joelhos, hora após
hora, tomado pelas palavras de Josué: "Eu e minha casa havemos de servir a
Jeová". E Deus honrou a firme resolução de Tiago Taylor, e deu-lhe um lar
que, por fim, produziu um missionário dos que mais honraram a Igreja de Cristo.
Os pais que conhecem a história deste outro grande missionário, João Paton,
podem desfrutar de muitas bênçãos, e transmitir aos seus filhos o que ele disse
acerca do quarto de oração na casa de seu pai: "Víamos nosso pai
retirar-se para lá, diariamente, após cada refeição. Fechada a porta, sabíamos
que lá estava ele derramando sua alma em orações a Deus, por nós, como o sumo
sacerdote da antiguidade dentro do véu do Santo dos santos. O mundo fora não sabia,
mas nós sabíamos a causa do gozo e brilho do seu rosto ao reaparecer; era o
reflexo da presença divina". Se Deus colocasse um diamante em tuas mãos,
ordenando-te que gravasses nele uma frase para ser lida no último dia, como
índice de tuas ideias e sentimentos, com que cuidado escolherias as palavras! E
justamente isto que Deus fez quando colocou cada um dos teus filhos, puros e
imaculados, nas tuas mãos. O que estás escrevendo nestas joias, pela oração,
por teu espírito e exemplo, hora após hora, dia após dia, ano após ano, é para
ser lido e exibido no grande dia.
Se queres ver a família inteira
salva, observa esta recomendação: "Vós, pais, não provoqueis a ira a
vossos filhos' reprovando-os e castigando-os enquanto encolerizados, "mas
criai-os na disciplina e admoestação do Senhor" (Efésios 6:4).
Nossos filhos viverão de toda a
palavra que sai da boca de Deus. E, como sacerdotes do lar, devemos
transmitir-lhes os ensinos contidos no Santo Livro.
Livro: Como preservar a
família em tempos de crise –
Autor: Orlando Boyer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário